O que acontece quando nós, adultos, ainda não temos autonomia emocional suficiente para agir de forma consciente e reagimos aos outros de forma inadequada? O que dizer então quando esse outro é o nosso filho(a) e seu comportamento nos afeta de forma à nos desequilibrar, parecendo que nos atinge justamente em nosso pior lado. Então, nosso maior amor, nos atinge no nosso pior e nos desequilibra? Ai que confusão.
É nessa confusão que criamos nossos filhos e nos empenhamos para fazer o nosso melhor.
Acredito que o caminho adequado para mantermos o equilíbrio e construir limites saudáveis, através de parceria na relação entre pais, mães e filhos na primeira infância esteja baseado em três pilares.
1º pilar - Presença
Estar presente de verdade, requer que guardemos nossos celulares para estar de corpo e mente com nossos/as filhos/as. Isso vale para todas as relações, onde devemos reaprender a capacidade de nos conectar ao momento presente, desconectar dos problemas e pensamentos externos aquele momento para ficar conscientemente disponível para quem nos interessa de fato, para quem é nossa prioridade no momento. Vivemos acelerados e atrasados, devendo afazeres, não teremos mais tempo para fazer tudo o que gostaríamos, nosso tempo, hoje em dia, é o que priorizamos.
2º pilar - Autorregulação
A capacidade de autorregulação é desenvolvida a partir da conscientização de nos mesmos. Cada um encontra seu caminho interno ao perceber a importância de estar equilibrado e ser responsável por seus atos quando se é espelho para seus filhos. Tomar consciência do que nos tira do sério, de nossas reações inadequadas é um compromisso que cada um deve ter consigo mesmo. Existem inúmeras maneiras de se autorregular, mas respirar é o principal segredo. Meditar, cantar, jogar futebol, cozinhar, ter uma boa alimentação e praticar esportes, aprender a agir e não reagir, são boas maneiras de se manter regulado emocionalmente. É claro que existem inúmeras outras formas, o importante é que você descubra a sua e se lembre de sempre respirar e agir com consciência.
3º pilar - Informação
Conhecer o básico sobre o desenvolvimento humano é importante para sabermos o que esperar dos nossos filhos em cada fase. Entendo que ter boa intenção, estar presença e consciente, se autorregulando, respirando, muitas vezes, é essencial, porém sem conhecimento pode ser ineficiente. Exemplifico: Segurar um bebê para alimentá-lo com todo amor e presença do mundo com alimentos inadequados pode trazer prejuízos irreversíveis para esta criança. Saber com que idade espera-se que um humano engatinhe, caminhe, fale e assim por diante, nos ajuda a incentivá-lo com o estímulo correto e nos orienta a não solicitar o que ainda não é esperado para sua idade. Ter o conhecimento do que se espera emocionalmente, de cada fase, de uma criança nos tranquiliza em relação ao seu desenvolvimento emocional.
Por isso, digo que os três pilares devem caminhar juntos.
Informar-se, saber o que fazer e o que esperar deles, fazer com presença, respirando e conscientes do próprio estado de espírito ao relacionar-se com eles.
Como disse anteriormente, ser firme e gentil ao mesmo tempo é uma arte. É a partir da dedicação nestes 3 pilares que nós adultos conseguiremos estar firmes e gentis ao mesmo tempo ao dar limite aos nossos filhos. Como pais e mães comprometidos com o desenvolvimento da autonomia emocional de nossos filhos, nos tornamos bons mestres, orientando-os pelos caminhos que acreditamos ser o melhor para eles.
Muitas são as vezes em que gostaríamos de ceder aos limites estabelecidos para não ter que, naquele momento, dialogar e negociar, pois isso cansa e dá trabalho. É verdade, dá trabalho. Educar um filho não é apenas alimentar, vestir e lavar, apesar de sua importância, essas são ações básicas de sobrevivência. Vale ter em mente que todo o nosso empenho tem o objetivo de construir, a partir de cada birra, choro e embate, a autonomia emocional das crianças - e nessa relação aprofundar também a nossa.
Gosto de pensar que os conflitos são oportunidades de amadurecimento: amadurecimento emocional de seres humanos em constante aprendizado.
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