top of page

A construção de limites na relação com as crianças da 1ª infância.

Atualizado: 25 de set. de 2020

Sabemos que o nascimento de uma mãe e de um pai traz inúmeras dúvidas e anseios às famílias. Com amigos, parentes, médicos e na internet, buscamos informações (nem sempre científicas) para acalmar nossos corações e, na maioria das vezes, encontramos opiniões divergentes em relação ao mesmo tema. Mais perguntas vão se formando em nós, e, com elas, a sensação de desamparo e solidão também pode ir crescendo. Por meio de diversos encontros e pesquisas com mães e pais, e com o objetivo de aprofundar a compreensão da dinâmica das relações de famílias com filhos de 0 a 7 anos, constatei que os adultos têm a percepção de que a sua principal dificuldade com a educação dos filhos está em saber quando e como dar limites aos filhos.


“Como fazer com que meu filho escolha cooperar nas tarefas do dia a dia?”.


Essa questão é de grande importância para as famílias que sentem viver uma batalha atrás da outra, gritando mais do que gostariam, estressadas, acabando o dia exaustas e muitas vezes decepcionadas e frustradas. Entendo que o desafio em dar limite aos nossos filhos esteja em conseguirmos ser firmes em nossas orientações sem perder a gentileza, a empatia e o respeito pela dor da frustração deles. Como exemplo, podemos pensar em um momento da rotina: a hora de ir dormir. Compreender que é frustrante para seu filho ou filha ter que dormir no horário que não foi estabelecido por eles nos ajuda a ficarmos empáticos com a dor deles. Porém, isso não significa que deixaremos que ele escolha dormir a hora que quiser. Uma sugestão seria dizer a ele: “Filho, parece que você gostaria de continuar brincando, podemos brincar mais cinco minutos, ok? Depois vamos para o quarto dormir, porque amanhã acordamos cedo, já é noite e é hora de dormir”.


Na pele das crianças

Vamos nos colocar no lugar das crianças:

imaginem que estivéssemos no corpo delas e tivéssemos um outro adulto, chamado mãe ou pai, que sabe mais do que nós sobre o que necessitamos e que fica nos dizendo o dia todo: “hora de acordar!”, “hora de comer!”, “coloque suas meias”, “tire suas meias”, “vá escovar os dentes!”, “já estamos atrasados!”, “vamos para o carro!”, “rápido!”. Sejamos verdadeiros: durante quantos dias, horas ou mesmo minutos aguentaríamos isso? É bem provável que choraríamos, nos jogaríamos no chão gritando: “me deixe em paz!!!”. Não é verdade?



Uma vez que nos colocamos no lugar das crianças, entendemos que a criança que faz birra sente que suas necessidades não foram escutadas. Ressalto que respeitar uma criança não significa ceder ao seu desejo.


Respeitar é considerar a sua dor, a sua frustração, fazer com que ela sinta que suas necessidades foram ouvidas.


Exemplifico: vamos imaginar uma situação em que sua filha gostaria que você comprasse um brinquedo para ela em um momento em que isso não seja viável. Ao dizer “Filha, eu estou vendo que você está muito triste porque não podemos comprar este brinquedo. Eu sinto muito, meu amor, por você estar chateada, mas neste momento não podemos comprar” e dar a ela um bom abraço afetuoso, você demonstra que ela foi escutada, que ela foi levada em consideração, que você se importa com a dor dela, apesar de continuar a não atender seu desejo.


Esse tipo de atitude vai fortalecendo a parceria entre os pais e seus filhos (aliás, fortalece qualquer relação de parceria).

Comments


bottom of page